Olha a fórmula para o mau-humor: você, em um dia típico, fazendo suas tarefas, cuidando da sua vida, quando, de repente, pá! algo acontece. Pode ser uma conta inesperada, uma crítica de um colega de trabalho ou, quem sabe, aquele seu parente querido que tem o estranho hábito de ligar – justo quando você está relaxando – para contar sobre o mesmo problema de sempre.
Daí, bom, não importa o que você estava fazendo antes, ou as coisas maneiras que aconteceram com você até aquele instante… vai rolar zanguinha!
Na verdade, ironicamente é bem engraçado quando você começa a perceber a maneira que estamos, muitas vezes, à mercê de nossos sentimentos e emoções. Você acorda, o sol está brilhando, os pássaros estão cantando, você está se sentindo ótimo. Então, algo acontece – talvez você esbarre no móvel com o dedinho do pé, talvez encontre uma surpresa desagradável na caixa de entrada do email, ou talvez você simplesmente se lembre de algo que estava tentando esquecer – e bum! O dia desmorona. Você se torna uma nuvem de tristeza, uma tempestade de irritação, um redemoinho de ansiedade.
Nesses momentos, você pode se perguntar: “Por que isso está acontecendo? Eu não deveria estar no controle aqui?” Pois é, esta é uma ótima pergunta, ainda bem que você a fez – mostra que está prestando atenção! 😀
Deveria. A gente deveria – e poderia estar no controle -, mas não estamos.
Afinal, quem manda aqui?
Emoções negativas surgem como um tornado em um dia ensolarado. Sua mente se enche de pensamentos negativos, seu coração acelera e, como resultado, seu humor despenca mais rápido que o preço do Bitcoin em um dia ruim.
E, assim como uma criptomoeda duvidosa, que cai ou levanta por qualquer razão, geralmente os acontecimentos da vida é que determinam se vamos sorrir ou chorar. Isso pode parecer uma coisa natural, mas vamos lançar um olhar realista para a situação: se são os acontecimentos, as pessoas e o ambiente os responsáveis pelo nosso bom ou mau humor, deveríamos ter sempre a mesma reação em presença dessa ou daquela variável. E mais – todas as pessoas deveriam reagir da mesma maneira a elas, afinal, se um problema é simplesmente um problema e nada mais, todos nós deveríamos nos sentir mal e deprimidos até resolvê-lo!
Mas, o que dizer das pessoas que transformam verdadeiras tragédias em degraus para sua evolução? O que dizer de pessoas que caem e levantam melhores do que antes e, no processo, ajudam centenas, milhares ou mesmo milhões de pessoas?
Conduta exemplar
O que dizer de Stephen Hawking que, diagnosticado com uma doença que lhe tiraria todos os seus movimentos, em vez de se entregar à depressão e auto-piedade, cresceu para ser o físico mais conhecido do planeta? Foi através de sua voz sintética que muitos de nós foram apresentados a conceitos sobre como nossa realidade funciona!
E se você achou a história dele difícil, olha a do Viktor Frankl, um psiquiatra austríaco que foi preso e enviado para campos de concentração durante a Segunda Guerra Mundial. Ele perdeu sua esposa, seus pais e seu irmão durante o Holocausto. Ainda assim, ele sobreviveu e criou a logoterapia, uma forma de psicoterapia que enfatiza a busca de significado na vida. Frankl escreveu um livro chamado “Em Busca de Sentido”, no qual ele argumenta que nosso principal impulso na vida não é o prazer, mas a busca de significado.
E quanto a Louis Braille, jovem francês que perdeu sua visão e, em vez de simplesmente se deixar derrubar, lutou para criar uma linguagem que ajuda as pessoas com deficiência visual a lerem livros e o mundo à sua volta?
Existem muitos outros exemplos de pessoas que enfrentaram adversidades incríveis e, no entanto, foram capazes de encontrar a força para superá-las e contribuir positivamente para o mundo. A questão então é: o que essas pessoas têm que as torna capazes de lidar com a adversidade de uma maneira tão poderosa?
A resposta é que essas pessoas têm algo em comum: elas aprenderam a lidar com suas emoções de maneira eficaz. Elas entenderam que não são as circunstâncias que determinam como nos sentimos, mas sim a maneira como interpretamos e reagimos a essas circunstâncias. Em outras palavras, elas reconheceram que são os mestres de suas próprias emoções.
Quando enfrentamos uma situação difícil, temos a opção de nos deixar abater pelas emoções negativas ou de encontrar uma maneira de lidar com a situação de maneira produtiva. Podemos escolher ver a situação como um obstáculo intransponível, ou podemos vê-la como uma oportunidade de aprendizado e crescimento.
Controle é Poder
O que podemos entender disso? Duas coisas.
Primeira: o ambiente sozinho, as circunstâncias e as outras pessoas não têm o poder de definir como você vai se sentir ou como sua vida vai ser.
Segunda: dominar emoções negativas é uma habilidade que vai não somente melhorar sua qualidade de vida, mas fazer você crescer absurdamente em praticamente qualquer aspecto da vida
Agora, imagine se houvesse um botão mágico que você pudesse apertar para acalmar essa tempestade emocional e trazer de volta a paz de espírito e o autocontrole. Bem, tenho boas notícias para você. Esse botão existe. E não, não estou falando de um novo aplicativo de smartphone. Estou falando sobre Yoga e meditação.
Yoga, meditação e as emoções negativas
Antes de começar a pensar que eu me perdi no caminho para uma convenção de hippies, é melhor deixar claro que já faz tempo que Yoga e meditação não são apenas para pessoas que usam roupas de algodão orgânico e comem granola no café da manhã. Eles são práticas milenares que foram cientificamente comprovadas para ajudar a gerenciar emoções negativas e promover a saúde mental.
Isso quer dizer que o Yoga, apesar de toda a sua fama, não é apenas um método glorificado de se contorcer em posições estranhas. É também uma prática mental que nos ajuda a nos conectar com nosso eu interior e a encontrar equilíbrio em meio ao caos da vida moderna.
Ao praticar asanas (posturas de Yoga) e pranayama (técnicas de respiração), aprendemos o que é lidar com limites, dor e expectativa. Vemos que o desconforto é um mensageiro, não um carrasco. O que ele quer nos mostrar? O que fazer com a informação que ele traz? Essas respostas vão definir a postura (asana), mas também a vida. Arrisco dizer que o que a pessoa faz dentro do tapetinho, vai fazer também na vida. Dessa forma, as posturas do Yoga se provam, mais uma vez, muito mais do que meros exercícios físicos, mas um campo de treinamento para novas reações da mente.
A meditação é outro um treino para reforçar essa atitude na mente. Já ficou claro que, assim como os músculos precisam ser exercitados para se tornarem mais fortes, a mente precisa ser treinada para se tornar mais resiliente. A meditação nos ensina a observar nossos pensamentos e emoções sem julgamento, permitindo-nos criar uma distância entre nós e nossas emoções negativas. O resultado? Uma maior capacidade de lidar com o estresse e a ansiedade, e uma perspectiva mais positiva da vida. E o melhor de tudo é que você não precisa ser um monge budista para começar a meditar. Basta alguns minutos por dia, uma almofada confortável e um lugar tranquilo.
Então, da próxima vez que se sentir sobrecarregado por emoções negativas, lembre-se: você tem o poder de mudar a forma como reage a elas. Acalme a tempestade com algumas posturas de Yoga, respire profundamente e dê uma chance à meditação. Afinal, como diz o ditado: “Você não pode acalmar a tempestade, então pare de tentar. O que você pode fazer é acalmar a si mesmo. A tempestade passará.”